2º Prêmio Belvedere Paraty 2011

Exposição Nacional de Arte Contemporânea na Galeria Belvedere em Paraty, RJ.
Foram selecionados 30 artistas. Estarei participando com a fotografia "Já temos assento".




COMISSÃO JULGADORA :
· Emanoel Araújo (artista, Diretor do Museu Afro Brasil de SP)
· Mônica Filgueiras, (galerista, SP)
· Éder Chiodetto (fotógrafo e curador do MAM/SP)
· Guilherme Bueno, (editor da revista Das Artes, diretor do MAC, Niterói, RJ)
· Carlos Gomes, (artista e diretor do Theatre Kantanka, Sydney, Austrália)
· Márcio Franco (artista, curador da Casa da Cultura de Paraty)
· Cesare Pergola (artista, arquiteto, diretor da Galeria Belvedere Paraty)

LISTA DOS SELECIONADOS:
em ordem alfabética
1. ANDRÉ CUNHA SÃO PAULO SP PINTURA
2. ANGELO PASTORELLO SÃO PAULO SP FOTO
3. CRISTINA SUZUKI SANTO ANDRÉ SP ESCULTURA
4. CYRIACO LOPES TERESÓPOLIS RJ VÍDEO
5. ELEN GRUBER SÃO PAULO SP PINTURA
6. EVA SOBAN SÃO PAULO SP ESCULTURA
7. FABI MELLO SÃO PAULO SP VÍDEO
8. FABIO BAROLI RIO DE JANEIRO RJ PINTURA
9. FELIPE DE OLIVEIRA FERREIRA SÃO PAULO SP PINTURA
10. FERNANDA MOREIRA BELO HORIZONTE MG ESCULTURA
11. FERNANDO LEVI BELO HORIZONTE MG DIGITAL
12. FLAVIA DE MACEDO VILA VELHA ES VÍDEO
13. GILIO MIALICHI LIMEIRA SP FOTO
14. ICARO MORENO RAMOS BELO HORIZONTE MG FOTO
15. ILKA LEMOS SÃO PAULO SP VÍDEO
16. JOSÉ NETO SÃO PAULO SP PINTURA
17. JOSÉ LUIZ FERREIRA SANTOS SP PINTURA
18. LEONARDO MOTA CAMPOS RIO DE JANEIRO RJ FOTO
19. LUCAS NEGRI BELO HORIZONTE MG PINTURA
20. LUIS CHRISTELLO RIO DE JANEIRO RJ VÍDEO
21. LUIS CHRISTELLO RIO DE JANEIRO RJ ESCULTURA
22. LUIS CHRISTELLO RIO DE JANEIRO RJ ESCULTURA
23. MAGY IMOBERDORF SÃO PAULO SP PINTURA
24. MARCELA TIBONI SÃO PAULO SP FOTO
25. MARIANA KATONA RIO DE JANEIRO RJ FOTO
26. MARIANA MAIA RIO DE JANEIRO RJ FOTO
27. MARLON ANJOS CURITIBA PN PINTURA
28. RAFFAELLA PEZZILLI SÃO PAULO SP PINTURA
29. RICARDO REIS SÃO PAULO SP PINTURA
30. SUYAN DE MATTOS BRASÍLIA DF PINTURA

Dissertação de Mestrado - Ensaias

INTRODUÇÃO

Pesquiso ou persigo saias.

“Agora, ao som do fabuloso artífice, ele parecia ouvir o barulho das ondas escuras e ver uma forma alada voando por sobre as ondas e se elevando lentamente no espaço.”

O vôo de Dedalus por sobre o mar rumo ao sol. Do insondável da existência se ergue uma forma alada.

A primeira imagem, indelével.

Saia azul suspensa no terreiro, recordação. Ganhava vida fugaz através de uma brisa. Bailava pelo ar que a sustentava acima do solo. A cada sopro, a saia no varal infla parecendo reviver um corpo que falta. Incorpora sua antiga dona, uma velha negra. O pedaço de tecido ao vento era a presença dela, da avó, morta há pouco tempo. Lembrança diante da qual meus olhos despertaram para um ato de performance.

A saia azul que jazia sem um corpo era animada novamente. Ela estava viva ao vento ou em outros corpos. Mulheres familiares costumavam vestir a saia. A semelhança com a avó fazia com que a presença dela persistisse no corpo dessas outras mulheres. A saia de uso comum era uma espécie de entidade.

As vestes, os objetos, os lugares, todas as coisas são entes (seienden) dotados de um ser (sein), Heidegger (1979). O ser-aí (dassein) pode conferir significado e vida às coisas? A saia azul lentamente se eleva. É a lembrança impalpável. Vida renovada na dança das mulheres de saias. Performance dos corpos coletivos entorno do ente. O significado de performance pode estar atrelado à ação do corpo coletivo ou à de um ente.

Mulheres usando saias. Herança. Um gesto repetido por gerações. Em saias sente-se o ar por entre as coxas. Nada impede o movimento. “Maria sunga a saia, chuva évem pra te molhá.” Maria empreende a dança libertária. Ela sobe as saias até as coxas e sobe o morro em meio à torrente. A água corre por entre as pernas, a vida se realiza...